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PSICOLOGIA EM BRANCO & PRETO: A Dialógica das Psicologias Latino-Americana e Euro-Estadunidense

Atualizado: 8 de ago.


Imagem: Tao symbol.svg - Wikimedia Commons
Imagem: Tao symbol.svg - Wikimedia Commons

No último final de semana, estive presente no X Congresso da ULAPSI, onde se discutiu profundamente a Psicologia Latino-Americana. A última vez que participei desse encontro foi em 2012, quando ainda liderava discussões sobre a Psicologia com Povos Originários — à época, ainda amplamente denominados Povos Indígenas. Hoje, essa pauta está sob responsabilidade dos próprios Psicólogos Indígenas, que, naquele período, eram muito poucos. Que avanço significativo!

O congresso reuniu cerca de 3.700 pessoas em uma programação densa e intensa, onde se abordou, com ênfase, o momento político atual, marcado pela ascensão da extrema-direita — tema que, aliás, tem monopolizado boa parte de nossas discussões nos últimos anos.

Muitas vezes, esse movimento foi caracterizado como um retrocesso. No entanto, discordo: não houve retrocesso, mas sim um levante — pequeno, se observarmos, por exemplo, os recentes atos pró “portador de tornozeleira eletrônica” ocorridos no último final de semana. Somos muitos mais do que aquela turba reacionária.

Avançamos — e de forma evidente — na ampliação dos debates sobre os Saberes Tradicionais, as Epistemologias Descoloniais, o Racismo e o Machismo Estruturais, bem como sobre as questões de gênero expressas na pauta LGBTQIAPN+ (sigla que continua a se expandir, refletindo a diversidade que representa).

Não, não houve retrocesso. O que há, sim, é uma ameaça constante que tenta nos fazer retroceder.

A pauta latino-americana atual discute, com profundidade, a autonomia dos sujeitos, que escapa cada vez mais da heteronomia imposta por reducionismos, sejam eles de ordem religiosa ou política. Nesse contexto, Ignacio Martín-Baró torna-se aliado de Carl Jung. A Psicologia Negra, Indígena, Latino-Americana, Crítica e Política dialoga, assim, com a Psicologia Branca, Analítica, Humanista e Psicanalítica em novos arranjos epistemológicos.

A democracia emerge como um foco essencial, pois ela só se realiza plenamente quando os sujeitos são autônomos. Sujeitos autônomos são cidadãos conscientes. A liberdade, nesse cenário, é uma temática central — mas não pode ser confundida com a libertinagem evocada por reacionários fascistas que deliram ao clamar pelo retorno do autoritarismo.

Não há dúvida de que é urgente revisar o atual modelo econômico — o neoliberalismo —, verdadeira ameaça que entorpece a consciência crítica a tal ponto que a maior democracia do mundo perdeu seu rumo, elegendo um influencer insano como presidente, que (des)governa o país como se fosse uma empresa da qual ele é o CEO.

Países não são negócios. São comunidades de sentido, sociedades que precisam ser respeitadas em sua diversidade. Se isso não ocorrer, corremos o risco de deixar de existir como espécie, diante da insustentabilidade ecológica irreversível que já se anuncia. Por isso, é fundamental trabalharmos pela autonomia dos sujeitos, iluminando os reducionismos e desconstruindo os preconceitos.

A construção de uma unidade ou de uma sociedade mais justa só será possível se realizada de forma consciente e coletiva. Individualmente, é necessário que o Ego se abra, de forma voluntária, ao potencial do Self. Nessa jornada — evidentemente heroica —, nos depararemos com o “Terror do Umbral”, a sombra, o mal que escraviza, aliena e reduz.

Essa é, pois, a nossa tarefa: unir as Psicologias Brancas às Psicologias Negras e trabalharmos juntos pelo bem comum.

 
 
 

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