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ROUXINOL: O ENCONTRO COM O EU INTERIOR

Luiz Eduardo V. Berni


imagem: Planet bird no wordpress.com
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A Tradição Esotérica Ocidental e as Psicologias Humanistas-Transpessoais compartilham a ideia de que cada pessoa traz em si um Potencial Humano, cuja realização leva à autorrealização, autoatualização ou individuação, conforme afirmaram Rogers, Maslow e Jung.

Do ponto de vista biológico, somos únicos externamente — com impressões digitais, rostos e íris inconfundíveis — mas semelhantes internamente, o que permite, por exemplo, a doação de órgãos. No campo psicológico, porém, todos somos condicionados, como mostra a Psicologia Comportamental e, em outro tom, a crítica social de Zé Ramalho em Admirável Gado Novo. Ainda assim, existe a possibilidade de romper com tais condicionamentos: a Psicologia Transpessoal e os Saberes Tradicionais lembram que cada indivíduo possui em si um potencial de liberdade e escolha.

Esse potencial pode se manifestar de forma sutil, como um Mestre Interior que “sussurra” orientações. É o que ilustram muitos artistas, entre eles Milton Nascimento, o Bituca, que descreve em sua canção Rouxinol a descoberta desse guia interno que conduz pelo caminho, mesmo diante de dúvidas e dificuldades.

Vejamos, pois como isso ocorre em sua poética:

Em algum momento da vida, todos nós, inevitavelmente, nos perguntamos: “Qual caminho devo seguir?” Há uma infinidade de caminhos e muitos bloqueios. Numa sociedade desigual como a nossa, esses bloqueios são ainda maiores, sobretudo para pessoas pretas, pardas e não cis, como Bituca. Mas ele foi capaz de ouvir os sussurros do Eu Interior. Vejamos:

A música começa assim: “Rouxinol tomou conta do meu viver. Chegou quando procurei. Razão pra poder seguir.” Há, nesses versos iniciais, um claro encontro com o potencial.

Mas a vida sempre desafia — caso contrário, não teria graça... A música prossegue: “Quando a música ia e quase eu fiquei. Quando a vida chorava, mais eu gritei.” Esses são os momentos de dificuldade de qualquer discípulo, mesmo aqueles que já estão há muito na jornada. Portanto, não importa sua idade: você terá dúvidas, medos e, às vezes, vontade de desistir...

Mas será preciso acreditar! Então a música continua: “Pássaro deu a volta ao mundo e brincava... Rouxinol me ensinou que é só não temer, cantou, se hospedou em mim.”

Aqui está o desafio iniciático do neófito, do discípulo. O Mestre Interior testa a sinceridade do propósito “brincando”. E, quando você compreende que aquele é o seu caminho, apesar do medo, o potencial do Eu Interior se descortina e se atualiza em você. Então, você se torna a pessoa que nasceu para ser... E, no recolhimento interior, perceberá que seu Rouxinol estará sempre ali para orientar. A música, então, conclui: “Todos os pássaros, anjos dentro de nós... Uma harmonia trazida dos rouxinóis.”

Não é lindo?

Busque, portanto, em seu espaço sagrado a harmonia que reside em seu coração. Confie no Mestre Interior, no Self, no Eu Interior e siga seu caminho!

Quero me despedir de você, leitor, com uma expressão ritualística inspirada na tradição egípcia para selar seu encontro com seu Mestre Interior.

Que seu encontro seja verdadeiro!

Cro-Maat!

 
 
 

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